domingo, setembro 21, 2014
O misterioso caso das crianças verdes de Woolpit
No século 12, no vilarejo de Woolpit em Suffolk, na Inglaterra, duas crianças de aparência verde foram encontradas na saída de um dos fossos da região por moradores que faziam a colheita de suas plantações.
As crianças, um garoto e uma menina, não falavam uma palavra em inglês e se comunicavam com uma linguagem desconhecida pelos cidadãos de Woolpit. A lenda conta que os dois foram levados para a casa de um morador, Richard de Calne, que se responsabilizou por cuidar deles.
Por vários dias, as crianças recusaram todos os tipos de comida. Apenas quando feijões foram oferecidos, o rapaz e a garota tiveram apetite. Depois de um tempo, eles perderam a coloração verde de suas peles, mas o menino acabou adoecendo e morrendo logo após seu batizado.
Pequenos seres verdes de um mundo subterrâneo
A menina sobreviveu e cresceu e, eventualmente, aprendeu a falar inglês. Ela explicou aos seus guardiões que ela e seu irmão vieram de um mundo sem luz do sol, com pouca luminosidade, e que não sabia dizer ao certo como eles foram parar na região de Woolpit.
Diferentes leituras tentam explicar o mistério sobre essas crianças. Há quem acredite que elas vieram mesmo de um mundo subterrâneo ou talvez até de um universo paralelo. Outra teoria que acompanha essa lenda é a de que eles eram alienígenas e que poderiam ter aterrissado na Terra por engano.
Ela era sempre perguntada sobre seu passado e de onde tinha vindo, mas tudo que falava só fazia aumentar o mistério sobre suas origens. Explicava que seu irmão e ela tinham vindo de "uma terra sem sol", com um perpétuo crepúsculo. Todos os habitantes eram verdes. Ela não tinha certeza exata onde se localizava sua terra. Ainda, ela chamava de "Luminous" a outra terra, que era cruzada por um "rio considerável" separando o mundo deles.
Também são inexplicáveis como as crianças apareceram naquele fosso. A garotinha disse que ela e seu irmão estavam procurando o rebanho do pai e seguiram por caverna escutando o som dos sinos. Vagaram na escuridão por um longo tempo até que acharam uma saída; de repente, eles ficaram cegos por um clarão de luz.
A luz do sol e a temperatura diferente deixaram-nos cansados; descansavam quando ouviram vozes, viram pessoas estranhas e tentaram fugir. Entretanto, não tiveram tempo de se mover da boca do fosso onde foram descobertos. As fontes originais dessa história são William de Newburgh e Ralph de Coggeeshall, dois cronistas ingleses do século 12.
Muitas explicações têm aparecido para o enigma das crianças verdes. Uma das teorias sugeridas é que as crianças eram imigrantes flamengas que sofreram perseguição. Seus pais teriam sido mortos e o garoto e a garota se esconderam na floresta. Esta idéia explicaria as roupas diferentes, mas não esclarece o fato das crianças falarem uma língua desconhecida, embora alguns habitantes locais achassem que era uma corruptela de flamengo.
Outros sugerem má nutrição ou o envenenamento por arsênico como a causa da pele verde. Também havia um rumor que um tio tentou envenenar as crianças, mas isso nunca foi confirmado. No entanto, outras pessoas como o astrônomo escocês, Duncan Lunan, sugeriam que as crianças eram alienígenas enviados de outro planeta para a Terra.
De acordo com outras teorias, as crianças vieram de um reino subterrâneo ou, possivelmente, de outra dimensão. Poderiam as crianças verdes de Woolpit ter vindo de um mundo paralelo, um lugar invisível ao olho nu? É importante lembrar que a garota disse que "não havia sol" no lugar de onde ela teria vindo. Disto se pode deduzir que ela habitava de um mundo subterrâneo. A verdadeira origem das crianças nunca foi descoberta e este caso continua um mistério.
história por trás da lenda
O historiador Paul Harris explica, em sua análise publicada em 1998 sobre o evento, que as crianças se esconderam nas florestas da região e que desenvolveram anemia por terem ficado muito tempo sem alimentação. Isso poderia explicar a coloração verde de suas peles quando elas foram encontradas posteriormente em Woolpit.
O fato de a menina não ter lembranças claras de sua vida pregressa pode ser resultado dos eventos traumáticos vivenciados, assim como a privação alimentar pode ter afetado sua capacidade de raciocínio e memória durante o período de fuga entre florestas e cavernas.
A garota recebeu o nome de Agnes quando foi batizada, e há indícios de que tenha se casado com um oficial britânico chamado Richard Barre. A lenda das crianças de Woolpit, mesmo com o caráter folclórico e misterioso, foi registrada na época por dois historiadores: William of Newburgh e Ralph of Coggeshall.
História Bem Contada
Por L. Cabus e Carol Beck
A Lenda dos Meninos Verdes é muito controversa. Atualmente, duas versões principais circulam na internet, mas a história destes personagens começa muito antes. O primeiro registro, do século XII e o segundo, do século XIX com variações que adentram ao século XX são, contudo, muito semelhantes nos principais elementos do enredo e tudo faz supor que o caso é um só, ainda mais antigo. É uma dessas anedotas que atravessam gerações até que sua origem se perde no tempo.
São diferenças entre as tradições: uma acontece no período entre 1135 a 1154, em plena Idade Média, no Reino Unido, em Suffolk, vila de Woolpit; a outra se passa em 1887, na Espanha, num lugarejo chamado Banjos. A terceira versão, mais recente, é reportada a 1906 e também se localiza na Espanha, em Bañolas ou Banyoles. O conto popular espanhol foi submetido às mais severas investigações.
A terceira versão é curiosamente enriquecida de detalhes documentais. Em 1985, um canal de televisão espanhol fez um programa sobre o tema com base no relato conforme foi pesquisado pelo escritor Jacques Bergier (Os Extraterrestres na História). Este relato identifica dois dos investigadores que tentaram esclarecer o episódio: um deles teria enviado pela Universidade de Barcelona e produziu um relatório que foi arquivado.
O segundo orientação suas investigações para a descoberta da localização de Banjos, que ficaria próximo a Barcelona, com auxílio da pesquisa etimológica. Outro espanhol que assinava Aitor Ondarrieta publicou, nos anos de 1990, a hipótese de Banyoles-Bañolas:
Bañolas é um povo envolto em muitos mistérios que rodeiam seu famoso lago... Em meados de abril de 1906... Foram encontrados perdidos uma menina de dez anos e um menino de onze na imediações de Bañolas. Eram crianças estranhas, olhos grandes, cabeça proeminente. Sua pele rugosa tinha um tom verde-escuro. Foram recolhidos por José, padre de Bañolas.
O vilarejo de Banjos e o padre José, jamais foram encontrados em investigações posteriores. Uma reportagem da revista Aluzzi (2004) e reproduzida no site PSICO-FXP afirma que o caso é espanhol e acrescenta detalhes espetaculares:
... Médicos e químicos, procedentes da capital catalã, se dirigiram ao pequeno pueblo para estudar o caso e logo comprovaram que a constituição orgânica das estranhas criaturas era diferente da humana. Não tinham pâncreas e possuíam um só pulmão ainda que este apresentasse um tamanho maior que o pulmão normal. Pelo estudo da constituição da pele se descobriu a existência de fibras desconhecidas na Terra.
As diferentes versões se referem ao mundo subterrâneo de onde teriam vindo às crianças como uma "terra de luz crepuscular". A história de Woolpit insiste que as crianças foram atraídas para a caverna pelo som de capainhas ou um som melodioso. Já as crianças espanholas foram "transportadas" de modo mais violento: apanhadas por redemoinho ou arrastadas por uma massa de água. A narrativa mais mirabolante de Woolpit acrescenta: as crianças vieram de um "lugar cristão" chamado San Martin (Saint Martin's Land), a menina chamava-se Agnes e o som que ouviram foi o de "sinos de igreja"...
Evidentemente, ainda que haja um núcleo de verdade no caso, as duas versões básicas (inglesa e espanhola) e a última, de 1906, já relatam um fato corrompido por mais de uma vertente imaginativa, como se misturasse mitos de tempos diferentes. Seres que personificam a Natureza (duendes são verdes), habitantes de mundo paralelo ou mundo subterrâneo, e ainda o toque cristão dado ao conto com a introdução da "Terra de San Martin".
Paul Harris, um persistente investigador do assunto, publicou um ensaio no periódico Fortean Studies, em 1998, apresentando uma reconstituição dos fatos bastante plausível. Todo o episódio teria acontecido em época anterior e próxima ao reinado de Henrique II (Inglaterra). A data mais popular do aparecimento das crianças, na Inglaterra, é 1173, coincidindo com o início do governo daquele monarca, que perseguiu os mercadores flamengos (de Holanda) e os tecelões da Bélgica.
Foi uma mudança nas regras do jogo, pois, até então havia um bom fluxo daqueles comerciantes e artesãos na Inglaterra. Em 1173 houve uma batalha e grandes matanças. Harris propõe que as crianças eram flamengas provavelmente originárias do vilarejo de Fornham San Martin ― o que explicaria a referência à Saint Martin's Land, situada poucas milhas a noroeste de Woolpit (ou Wolf pit), separada desta vila pelo rio Lark. Com os pais, talvez, mortos nos conflitos da época, ou perdidos, as crianças escaparam de uma carnificina embrenhando-se na floresta ― Thetfort Forest, lugar envolto em sombras, o mundo de luz crepuscular, ao qual amenina se referiu. Perderam a noção do tempo e ficaram mal-nutridos, inclusive de sol, o que deve ter produzido chlorosis, que é o esverdeamento gradual da pele.
Os sinos ouvidos pertenceriam, então, a uma igreja próxima, do cemitério St. Edmunds. Harris informa, ainda, que entre os dois vilarejos existem muitas passagens subterrâneas de antigas minas. As crianças podem ter passado um bom tempo perdidas nestas profundezas sem luz e emergiram em território inglês, com uma aparência descomposta, usando roupas flamengas e falando um dialeto desconhecido da população de Woolpit. A teoria de Harris parece encerrar qualquer polêmica sobre As Crianças Verdes do Folclore Europeu, explicando os detalhes recorrentes e pormenores mais exóticos.
fontes :http://www.sitedecuriosidades.com/
Megacurioso
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